Dos Pré- Socráticos à Filosofia Medieval

17/06/2013 22:11

 

Os Pré- Socráticos

 

Contexto: Período anterior a formação da Grécia – Cidades- Estado; Colônias.

    Época de ruptura com o pensamento mítico, e advento da filosofia que estuda a natureza de modo racional. Tal filosofia consiste buscar na natureza o principio que rege todas os seres

( arché).

 

Heráclito

 

Apresenta a realidade em sua mudança, de modo que todas as coisas transformam-se continuamente.

  • O que temos diante de nós é diferente do que foi há pouco e do que será depois.

    Tal mudança ocorre como reflexo de contradições:  tudo se transforma em seu contrário, uma vez que para haver mudança é necessária uma medida que esteja em dissonância a ela. -> A guerra é o pai do homem, pois não há harmonia sem luta.

 

       Para Heráclito, o fogo simboliza a instabilidade e o dinamismo do mundo, e o mundo exprime uma concepção de bipolaridade, a medida em que é explicado por aquilo que não o é.

 

 

Parmênides

 

       Difere-se do pensamento heráclitiano: Uma coisa NÃO pode ser e não ser ao mesmo tempo. Como poderia, assim, caracterizar o homem como algo que não é?. Nesse sentido, Parmênides irá conceitar o principio da identidade, explanando que o ser é, e que o não ser não o é. ( base para a metafísica). E ainda, o principio da não contradição, cujo o elemento estudado não poderá ser algo contraditório a sua essência.

 

       Num segundo plano, reconhece que o movimento do mundo não existe, sendo imóvel e imutável. Existirá movimento apenas no que concerne o mundo inteligível( mundo das ideias) , vivendo, assim, o homem num mundo ilusório.

 

 

Período Socrático

 

Os Sofistas

 

Características:

  • Persuasão/ Retórica como instrumento da argumentação, considerando o raciocínio -> A razão leva a persuasão
  • Cobram seus ensinamentos
  • Protágoras: O homem é  a medida de todas as coisas ; expressa a capacidade de construir a verdade
  • Hípias : A palavras é portadora de persuasão, crença e sugestão. Ela é o instrumento da retórica.
  • Pródigo: A virtude está onde está a vantagem 

 

       Ao contrário da tradição pré-socrática, que buscava entender a natureza das coisas, os sofistas creditavam a verdade, religião, a politica e a justiça ao consenso, a uma convenção entre os homens. Era da persuasão que se formava a verdade. Ela não estava inscrita na natureza, na medida em que até os juízos sobre ela são humanos. Assim, os sofistas encaminharam a filosofia a uma apreciação direta das questões sociais e politicas enquanto questões humanas, culturais, construídas de modo aberto e não dogmático.

 

 

Sócrates

 

Contrapõe-se aos sofistas, inferindo que é preciso, primeiramente, reconhecer a ignorância do conhecimento, para iniciar a busca do saber.

 

Ironia e Maiêutica: Desconstrução dos conceitos pré-estabelecidos ( as certezas), e assim, aderir a construção de novas definições – A busca pela verdade.

    Sócrates privilegia as questões morais, indagando sobre o real valor da justiça. Tem, ainda, um caráter positivista, dizendo que o que é legal é justo. A quebra da lei é considerada injusta e contra os valores sociais. Acredita, no entanto, que as mesmas possuem um caráter universal, de origem divina.

 

 

Platão

 

     Apresenta uma lógica de ideias que implica a dialética como meio de apreensão da verdade. A dialética é o método que permite sair do mundo sensível e alcançar as ideias.

 

Teoria das ideias: Estabelece uma relação entre o pensamento de Heráclito e o de Parmênides -> Relação entre o mundo sensível e o inteligível.

    O primeiro consiste na ideia de que os sentidos, isto é, as realidades concretas, são ilusórias, sendo reflexos da representação das ideias, pertencentes ao  mundo inteligível. Essas ideias possuem, ainda, uma espécie de hierarquia, cuja  a maior delas é a ideia do bem e do belo.

 

Teoria da reminiscência:  As ideias em si são expostas através dos sentidos, que buscam despertar na alma lembranças de vidas passadas – conhecer é relembrar.

 

Teoria da Contingência: Ideia universal que explica o nascer e o perecer do seres sensíveis.

 

Teoria política: Diante da postura filosófica assumida, caberia o sábio disseminar o conhecimento a sociedade. Assim, para Platão, o modelo ideal de governo é determinado pelo ‘’rei filósofo’’. - A democracia não é o modelo perfeito para a apreensão do justo. Pela educação é que há de se revelar o sábio.

 

 

Aristóteles

 

       Diferente de Platão, acredita que as coisas podem ser explicadas a partir delas mesmas ( de suas realidades), e não sob formas ideais. O processo do conhecimento era explicado através de causas e circunstâncias geradoras:

 

Substância – Elemento formador da realidade

Forma – Principio que determinará a existência da matéria no mundo sensível.

Ato-potencial  - a formação do conhecimento se dá numa implicação entre ato e potência. Toda matéria é potencial, e portanto, considera que o movimento; e real, ainda que existam coisas imutáveis.

 

Teoria do Primeiro motor: Elemento imutável, que impulsiona o movimento do ato-potencial -> Plano divino; infinito.

 

A justiça: Para Aristóteles, a justiça é divida em universal e particular. A primeira consiste uma manifestação geral da virtude quanto uma apropriação do justo à lei, que no geral é tida como justa. – Enquanto justiça universal, ela é a virtude que está em todas as demais virtudes.

 

     A justiça particular, por sua vez, considera a ação de dar a cada um o que é seu, compreendendo uma ação distributiva, que demanda uma qualidade de estabelecer o que é de cada qual. Tal justiça se subdivide em distributiva e corretiva. Segundo o filósofo, a justiça distributiva é um justo meio-termo entre duas partes, utilizando-se da proporção e do mérito como critérios de distribuição. Já a justiça corretiva refere-se a reparação da parte que estaria em excesso ou em falta diante da distribuição.

 

Conceito de Equidade: acima da justiça da lei, há a justiça do caso, do bom julgamento do caso concreto, adaptando o conceito geral ao específico. Equivale a chamada Régua de Lesbos.

 

- Régua de Lesbos: Entre os desiguais, a justiça não é matemática. Não se pode auferir por mérito. Assim, toda  maioria da sociedade deve construir uma ou outra manifestação de justiça que limite os excessos e que abranda as carências, a fim de que, posteriormente, em uma situação de mínima igualdade, se faça valer uma régua de justiça de tipo matemático.

 

 

O Helenismo

 

Contexto: O Helenismo inicia-se a partir das conquistas de Alexandre Magno, que expandirá seu império sobre grande parte da Europa e parte do Oriente médio. Sob influência de seu professor Aristóteles, Alexandre inicia um processo de proliferação da cultura grega, a qual será compartilhada dentre as demais culturas existentes, nos territórios anexados.

 

       As principais vertentes da filosofia helenística, foram o Cinismo, Ceticismo, Epicurismo e Estoicismo, influenciando, posteriormente, a filosofia medieval, sendo por vezes seguidas ou refutadas.

 

Cinismo

 

O cinismo tinha como características:

 

  • A rejeição a todas as convenções, bem como o desprezo a todos os valores tradicionais, como o prazer, a riqueza e a fama.
  • Defendem o estado de natureza do ser, que é o estado de ‘’animalidade’’
  • Promovem a filosofia do desapego, a qual deve-se renunciar a todo tipo de apego material ( os prazeres carnais eram permitidos, uma vez sendo parte da natureza do ser humano).

    Dentre os nomes de maior influencia, destaca-se:

Diógenes: ele era um individuo que zombava das tradições, sendo contrário a erudição e a cultura, respondendo ser um cidadão do mundo.

Antístenes: Proclamava uma espécie de anarquia, sendo contra ao governo, a propriedade ou a religião. -> ‘‘A propriedade é a terra, e portanto, de todos’’.

 

 

Ceticismo

 

Características:

 

  • Conclui-se que nada se pode afirmar com certeza
  • A verdade não seria cognoscível -> Descrença na capacidade humana de conhecer a verdade.
  • Relativismo moral, pela ausência de parâmetros certos de conduta

 

    O Ceticismo é uma corrente surgida da academia de Platão, que faz uma crítica ao conhecimento e o modo de se compreender a filosofia. Percebem eles que a moral é relativa, e que as coisas não devem ser interpretadas de forma absoluta, adquirindo pluralidades de interpretação.

 

Principais filósofos do Ceticismo:

 

Górgias: Sofista grego, e foi, de certa maneira, um precursor do ceticismo. Defendia , pela retórica o relativismo universal. “nada existe, se existe, nada pode ser conhecido, se conhecido, não pode ser transmitido (não existe verdade).

 

Pirro:  Para quase tudo que um povo acredita em um lugar parece haver outro povo que acredita no oposto em outro lugar. E em geral os argumentos são igualmente bons em ambos os lados.

 

       Coisas são indiscerníveis, não se tem critério para a verdade, o homem deve abster-se de emitir juízo  sobre as coisas, ouse seja, ataraxia (indiferença diante de tudo).

 

Sexto Empírico:  “Pelo ceticismo... Chegamos primeiro à suspensão de juízo, e depois à liberdade  do distúrbio”. Procurava demonstrar a impossibilidade das demonstrações.

 

 

Epicurismo

 

       Lastreada nas ideias de Epicuro de Samos, a filosofia epicurista baseia-se na busca pelo prazer. O prazer, aqui, refere-se não as disposições do prazer imediato  do ser humano – como a relação carnal ou as festas – mas sim na busca do prazer, no sentido de ausência de sofrimento e dor. Representa, destarte, a verdadeira felicidade, do corpo e a da alma.

 

       A noção de justiça que fundamenta o epicurismo está no interesse de uma vida prazerosa dos indivíduos, que corrobora a relação de reciprocidade entre eles, por convenção.

 

  • O justo segundo a natureza é a regras do interesse que temos em não nos prejudicarmos nem sermos prejudicados mutuamente... Assim sendo, em busca do prazer, que é afastar o sofrimento, deve-se agir pelo justo, já que o injusto pode gerar punição.

 

 

Estoicismo

 

       Fundado por Zenão de Citium, o estoicismo fundamenta-se no uso da razão para as situações práticas do cotidiano. Essa vertente foi muito utilizada pelo império romano.

 

  • Enfrentar a adversidade sem se queixar é a máxima da ética estóica.

 

       Diferente dos epicuristas, o estóicos entendem a razão como elemento natural,  sendo ela o principio norteador das ações humanas. E através da razão, é que se apresenta Deus como parte integrante da realidade humana, de modo que o mundo é para os estóicos a única realidade que existe.

 

  • Mantém uma visão materialista do homem e panteísta do mundo, apesar do desprezo dos bens materiais.

 

 

Neoplatonismo

 

Contexto: Fase do pós-helenismo; Desenvolveu-se em paralelo a crise do mundo romano do ocidente.

 

       Criado por Plotino, o neoplatonismo foi a ultima vertente grega da filosofia.  Inspirado nas ideias de Platão sobre a ideia suprema do bem – que está acima do demiurgo -, com o neoplatonismo, o bem se confunde com Deus, como o bem maior ( essa concepção irá influenciar a ulterior filosofia cristão, a qual Deus é uno, não havendo espaço para outros deuses ).

       Para Plotino, também, o mal não existe, pois se Deus é o bem maior e o homem a imagem desse, não seria possível a existência do homem como reflexo do ‘’mal’’.

  • Ensinava que era necessário purificar a alma abandonando o mundo material — manifestação 'inferior' de uma entidade única, absoluta e eterna, o 'Bem' (também chamado de 'Uno') —, para que a alma pudesse ascender e voltar a fazer parte dessa entidade imaterial, acessível apenas através da 'razão pura'.

 

       Ademais, o Neoplatonismo acentua o dualismo de Platão, no tocante ao dualismo existente, como a divisão entre o mundo sensível e o inteligível, bem como o finito e o infinito, a matéria e o espírito, o mundo e Deus.

 

 

Idade Média

 

Contexto: A idade média representa o período de ruptura entre a filosofia clássica e o período helênico , alcançando o pensamento cristão como filosofia vigente.

 

 

O Cristianismo

 

       “A Filosofia Medieval foi basicamente uma Filosofia Cristã: os valores cristãos nortearam o firmamento cultural da Idade Média, era um mundo solidamente firmado na certeza da existência de Deus e de uma ordem no universo físico e espiritual: sustentado, mais do que por prescrições religiosas, por grandes homens de fé’’.

 

       O fundamento do cristianismo baseava-se na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo. Nesse viés, a nova perspectiva de vida – ainda que emergida por influencias da filosofia clássica- , passa a conflitar com as concepções da mesma, a qual era difundida em Roma.

 

       Conforme o cristianismo ganha força, a filosofia grega, no mundo romano começa a ser utilizada como alicerce de afirmação da própria religião cristã. Nesse sentido, a filosofia grega – assim como outras existentes – somente seriam consideradas legítimas no limites da verdade da religião cristã.

 

       Deus, por exemplo, não cabia a filosofia grega explicar, pois a verdade sobre ele pertencia a filosofia cristã. Caberia, assim, apenas relacionar os aspectos naturais dos quais estudava a existência do mesmo.

 

  • ‘‘Deverá haver a união da fé com o saber científico, pois se a natureza é criada e revelada por Deus, então não pode haver contradições entre a verdade da fé e a científica ... A filosofia medieval-cristã é toda assentada em proposições suscetíveis de demonstração natural, mas se buscará que tais proposições não se oponham às verdades da fé formuladas pela Igreja’’.

     Dos limites estabelecidos pelo cristianismo, anuncia uma diferente fundamental entre ambas as filosofias: Enquanto os gregos buscavam a verdade de forma livre – o amor a sabedoria leva o filósofo a especular sobre tudo, podendo refletir a partir de qualquer ângulo sobre qualquer questão -, o Cristianismo tinha a verdade como revelada, oriunda de Deus, e portanto, não comporta críticas ou indagações.

 

  • Revela-se a construção de dogmas e crenças, que embasavam-se na fé cristã, em detrimento da razão.

 

 

Filosofia Patrística

 

       No estudo da Filosofia Medieval, a Patrística foi uma vertente adotada por Santo Agostinho,  com a finalidade de defender a fé utilizando-se da filosofia grega como elemento de comprovação da filosofia cristã. -> São os padres da Igreja Católica.

 

  • ‘‘São considerados filósofos apenas  aqueles que desenvolveram alguma argumentação e especulação para embasar o conhecimento da fé cristã’’.

 

Santo Agostinho

 

Posição Filosófica: De acordo com a teoria da iluminação, Agostinho defende que a razão complementa a fé no sentido de alcançar a compreensão das verdades da fé.  Para alcançar a santidade e a felicidade, é necessário crer para que se possa entender, e vice-versa.

 

  • ‘’ Enquanto as coisas corpóreas são mutáveis e corruptíveis, os conceitos que delas formamos pela razão soa necessários, imutáveis e eternos. A alma retira esses conhecimentos de uma lei que está acima da nossa mente. O intelecto, pois, é constituído de ideias, que são transmitidas à mente por Deus...’’.

 

 

Sobre o ser humano: O homem é a imagem da Santíssima Trindade, e uma vez criado por Deus, caberá ao individuo se submeter as vontades de seu criador.

 

Relação com Platão: Santo Agostinho é influenciado pelas ideias platônicas, no tocante ao mundo das ideias. De forma semelhante a Platão, para ele o conhecimento sensível, isto é, a realidade é distinta do mundo das ideias, esse caracterizado pelo plano superior, eterno e imutável  - incorporado aos pensamentos de Deus. Contudo, nega a teoria da reminiscência de Platão, que diz que a ideia em si não depende da experiência para existir na alma ou na razão humana, pois as ideias em si constituem recordações de vidas passadas – conhecer é relembrar.

 

Sobre a ideia do mal: Para  Santo Agostinho, o mal não caracteriza um ser, mas a ausência desse. O mal, então, não é o ser, mas ausência e a privação do ser em determinados níveis. Dentre eles:

 

- Ontológico:  não existe mal, mas apenas graus inferiores de ser em relação a Deus.

- moral:  é o pecado, como aversão a Deus pela conversão às criaturas ( vontade que escolhe um bem finito em lugar de Deus)

- físico:  doenças e sofrimentos: consequências do pecado original ( corrupção da natureza humana).

 

Sobre a justiça: A justiça de Agostinho não se dá pelas ações do homem, mas pela lei de Deus, e assim, não é mensurável pelos atos, e sim pela palavra superior. Destarte, retrata-se a concepção de uma lei imutável e universal, que revela o Direito natural como obra de Deus.

 

       ‘’Para os gregos, o Direito Natural era a busca da natureza das coisas, flexível, social, de cada caso. Na tradição medieval, o Direito Natural é um rol de regras inflexíveis, não naturais no sentido de que não se veem na natureza humana nem na sociedade, mas do desígnio divino’’.

 

Escolástica

 

       A Escolástica é outra vertente da Filosofia Medieval, na qual se destaca a visão de São Tomás de Aquino. Tal vertente posicionava-se de modo distinto da Patrística, difundindo a novas perspectivas em relação a fé a razão, assim como a filosofia e a teologia.

 

Dentre as características principais:

- Exposição e discussão dos textos sagrados

- Difusão das obras de Aristóteles

- Explicação racional do mundo com a compatibilização com as verdades cristãs.

 

 

São Tomás de Aquino

 

       Com Tomás de Aquino a filosofia cristã abrange a razão como elemento que relaciona  a justiça a ação dos homens para com os demais. Para ele, é possível um agir justo na Terra, sem contrarias os preceitos da revelação. Além disso, sua filosofia é influenciada pelas ideias de Aristóteles, no tocante ao conceito do ato puro.

 

  • O ato puro aqui é comparado a existência de Deus:  Tudo que se move é movido por alguém. Como é impossível uma cadeia infinita de motores, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, então deve existir um primeiro motor que tudo moveu, mas que não foi movido por ninguém.

 

       Nesse sentido, Deus é o primeiro motor, imutável e impulsionador da matéria que se movimenta ( todo o ato-potencial), sendo ele a causa primeira que não foi gerada por ninguém.

 

Teoria do Conhecimento: Todo o conhecimento passa pelos sentidos, que se transformam em conhecimento intelectual. Nesse sentido, o individual passa ao plano do conceito universal, o qual exprime a essência do homem.

 

Sobre a ética: Para Aquino, a ética é agir de acordo com a natureza racional, sendo essa orientada pela consciência, que indica de forma intuitiva a distinção entre o fazer o bem e evitar o mal.

 

Direito Natural e a Lei Divina: a lei natural é aquela a que o homem leva a fazer por sua natureza racional. A lei divina, por sua vez, é o plano racional de Deus que ordena o universo. Tal lei deverá ser revelada ao homem, uma vez que esse não é capaz de compreender a plenitude da concepção divina .

 

       ‘’A diferença entre a lei divina e a lei eterna é que a lei divina é aquela que parte da iniciativa de Deus revelar seus desígnios. A lei natural é aquela que parte da vontade do homem de racionalizar sobre a lei de Deus para conhece-la independentemente da manifestação de Deus’’.

 

       O direito Positivo, em contrapartida, é o direito  construído pelo homem para viver em sua ordem social. Esse direito deverá estar em conformidade com as leis naturais.

 

Sobre a Justiça: A justiça de São Tomás de Aquino exprime as ideias aristotélicas de justiça, evidenciando o bem do outro, que retrata o justo meio-termo entre duas coisas ( justiça distributiva)  , bem como  a justiça retributiva, sendo que a justiça deverá agir de acordo com  as leis divinas.

 

 

Influência do Pensamento Cristão

 

       No que concerne a prática da Filosofia Cristã, esta veio a influenciar as formas de se pensar no individuo em sua coletividade. Pode-se citar, doravante, o ascensão de valores que confirmam uma esfera positiva de condutas, e a relação dos Direitos Humanos. No âmbito do pensar filosófico, São Tomás de Aquino passa a inferir– através de sua vertente aristotélica – sobre a valorização das coisas do mundo ( a razão e a natureza) , assim como  a ciência do ser enquanto ser, promovendo uma metafísica voltada ao criador enquanto criador.